Crise econômica, fechamento de fábricas, robotização e reestruturações produtivas encolheram o mercado de trabalho do segmento.
Nos anos 1980 e 1990, era comum que o pai metalúrgico sempre estimulasse o filho a seguir carreira em uma das grandes indústrias automotivas ou da cadeia de metalmecânica da Região de Campinas. Era motivo de orgulho ter a carteira assinada por uma delas e o emprego dos sonhos de quem estava no chão de fábrica ou de quem desejasse chegar no topo de uma carreira executiva. O cenário hoje é bem diferente. Nos últimos dez anos, a área da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região perdeu 25 mil postos de trabalho.
Só para ter a dimensão dessa redução que afeta renda, tira poder de compra e mexe com a economia regional, a quantidade de empregos perdidos é equivalente a quase duas vezes o total de habitantes da cidade de Holambra que tem 14.493 habitantes. A região perdeu praticamente duas cidades de Holambra em empregos no setor metalúrgico na última década. E o cenário se repete em outras áreas do país. Exemplos são os fechamentos das portas de fábricas de nomes como Ford e Mercedes que refletem o processo de desindustrialização que o Brasil vive nos últimos 40 anos.
“Aproximadamente 25 mil empregos foram perdidos em nossa base sindical (Campinas, Paulínia, Valinhos, Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Americana, Nova Odessa e Indaiatuba) nos últimos dez anos”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Sidalino Orsi Júnior.
Ele afirma que, além do fechamento de fábricas, o investimento em novas tecnologias e robotização, e também as reestruturações produtivas provocaram o fechamento de postos de trabalho.
Para Orsi Júnior, as empresas visam apenas lucro em detrimento da força de trabalho. O presidente do Sindicato afirma que a indústria automotiva é beneficiada pelos governos no Brasil e outras partes do mundo. E elas aproveitariam para promover verdadeiros “leilões” entre cidades, estados e até países para garantir redução de custos que aumentem as margens de lucro. Ele diz que “as empresas buscam lugares que ofereçam mais subsídios e, principalmente, maior condição de superexploração da força de trabalho.”
Custo-Brasil e as picuinhas políticas
O vice-diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) – Regional Campinas, José Henrique Toledo Côrrea, diz que o fechamento de fábricas sempre é preocupante porque afeta a cadeia produtiva nacional. Nos casos de Ford e Mercedes, ele não vê impacto nas indústrias do setor metalmecânico de Campinas e região. Para o dirigente, o reflexo será maior nas regiões próximas a Camaçari (BA) e Taubaté (SP), onde ficavam subsidiárias da montadora norte-americana , e Iracemápolis (SP), endereço da fabricante alemã. “As empresas-satélites e terceirizadas sofrem com o fim das atividades das montadoras”, observa.
Na avaliação do empresário, a saída das indústrias do Brasil está relacionada a falta de competitividade do país e culpa o Custo-Brasil que afeta a geração de lucros, que é o objetivo de qualquer negócio. Côrrea diz que “não tem como sobreviver no prejuízo e cortando postos de trabalho”.
Ele aponta que há anos o empresariado reclama do Custo-Brasil e que picuinhas políticas impedem o país de resolver questões importantes para o setor produtivo, como as reformas estruturais.
“Isso passa diretamente pelo Congresso. Projetos de lei do governo estão com lá e não são votados. Eles (políticos) seguram tudo ao máximo. Cada vez mais o Brasil empurra as reformas e mudanças estruturais com a barriga”, critica, em clara insatisfação com o deputado Rodrigo Maia, agora ex-presidente da Câmara dos Deputados.
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