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  • Foto do escritorAdriana Leite

Custo de importações da RMC sobe até 80%

Estudo da PUC-Campinas indica que variação cambial, pandemia, crise econômica e Guerra da Ucrânia afetam os preços dos insumos


Industria: alta do custo unitário de acessórios e peças importadas para fabricação de carros foi de 9,33%

O custo das importações de produtos e matérias-primas está impactando de forma decisiva o preço final dos bens que chegam ao consumidor. A pandemia, o conflito na Ucrânia, a variação cambial e a crise econômica que assola o país há alguns anos afetam as compras de insumos para a produção industrial de empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Uma análise realizada pelo Observatório PUC-Campinas aponta que, com base no ano de 2017, o custo unitário da importação de vacinas aumentou 80,56%, circuitos eletrônicos subiram 33,57% e parte e acessórios de veículos tiveram elevação de 9,33%.


O estudo mostra que os custos de importação da RMC sofreram quedas expressivas entre 2014 e 2016, relacionadas, principalmente, à baixa no preço do petróleo internacional, levando à redução no valor de matérias-primas e bens industriais - incluindo produtos intermediários de relevância regional para a produção de veículos, materiais eletrônicos, dentre outros insumos da indústria. Na análise, os especialistas informam que, após a estabilidade entre 2016 e 2019, observa-se uma queda nos custos dos produtos importados de 4,10% em 2020. Porém, a alta em 2021 de 5,27%, mais do que compensa essa variação negativa.


De acordo com o estudo, a indústria automobilística da RMC sofreu um grande impacto com a alta do custo das peças importadas que são utilizadas na fabricação de veículos. Outro problema vem sendo a escassez de componentes que está atrasando, e até parando, a produção. A instabilidade no fornecimento das peças é uma preocupação das principais montadoras.


Fornecedores brasileiros


A análise assinada pelo docente extensionista do Observatório PUC-Campinas, Paulo Oliveira, e o bolsista de extensão, João Pedro Toledo, recomenda que as empresas da região que dependem de insumos importados criem uma rede de fornecedores brasileiros que possam suprir a demanda de produtos que têm fabricação local. Com a instabilidade no mercado internacional e a pressão inflacionária, os industriais devem apostar em fortalecer cadeias de produção nacionais.


“Recomenda-se que, quando possível, as empresas regionais busquem o desenvolvimento de fornecedores. Do ponto de vista da política econômica, os formuladores de política, em âmbito nacional e regional, devem fomentar a substituição de importações em setores estratégicos, facilitando o desenvolvimento e implementação de ações que visem ganhos de produtividade”, disse Oliveira.

Mas o especialista sabe que não é tão fácil assim promover o desenvolvimento de fornecedores nacionais. “As limitações tecnológicas, que impactam sobretudo a produtividade nacional, é um fator que deve dificultar essa realocação, e pode comprometer a competitividade das exportações”, diz o professor.


Oliveira acredita que, se tivéssemos uma política nacional de fomento ao desenvolvimento de uma indústria de base capaz de oferecer insumos, peças e produtos com preços competitivos para cadeias produtivas, o país teria uma chance maior de atender às necessidades do mercado interno e se firmar como exportador de bens industriais.


Ele observa que nem sempre é possível encontrar fornecedores nacionais para determinados insumos, mas vale a pena as indústrias brasileiras repensarem a estratégia de olhar apenas para o mercado internacional na hora de fazer as compras de produtos industriais. “Alguns produtos não há mesmo fornecedores no Brasil. Contudo, acredito que nos setores em que é possível encontrar o insumo no país é importante que as empresas passem a analisar a possibilidade de desenvolver fornecedores locais pela questão de custo e também de capacidade de oferta para suprir a demanda interna”, opina.


Desindustrialização X cadeias produtivas locais


Em recente divulgação dos dados da indústria da região de Campinas, o comando do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Regional Campinas, mostrou que umas das grandes preocupações do setor é a desindustrialização do país. A sondagem industrial realizada mensalmente pela entidade indicou que 90% das empresas associadas apontaram que a desindustrialização é um problema grave e precisa de ações urgentes para ser revertida.


O diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, diz que é necessário encontrar caminhos para reverter esse processo de desindustrialização no Brasil. A entidade está encampando ações para preparar a indústria para os novos tempos com a transformação digital. “Queremos empresas adequadas à quarta geração da indústria. Nesse sentido, o Ciesp juntamente com o Senai e Sebrae lançaram a Jornada da Transformação Digital. O programa prevê oferecer consultoria e suporte profissional para que 40 mil indústrias no Estado de São Paulo, nos próximos quatro anos, modernizem seus sistemas. A previsão é aumentar em até 50% a produtividade das empresas que aderirem ao projeto”, diz.


Na pesquisa, metade dos empresários que participaram do estudo mensal disse que deve acontecer um recuo na globalização como um dos efeitos econômicos da pandemia da Covid-19 e da Guerra da Ucrânia. Para Corrêa, a tendência nos próximos anos, principalmente em razão dos efeitos da crise sanitária, será a aproximação geográfica das cadeias produtivas “Deveremos ter aumento na produção de peças e componentes por empresas locais, tais como chips, eletroeletrônicos e produtos de química fina, entre outros”, aposta o diretor do Ciesp-Campinas.



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