Cidade fechou abril deste ano com 109.158 microempresas e elas somavam 51.828 em 2017
O Microempreendedor Individual (MEI) foi um programa criado em 2008, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, para tirar da informalidade milhões de pequenos empreendedores. De lá para cá, o Brasil já bateu 13 milhões de MEIs. Em Campinas, nos últimos cinco anos, a quantidade mais que dobrou – passando de 51.828 empresários para 109.158 microempresas.
São cabelereiros, manicures, pedicures, promotores de vendas, comerciantes, transportadores, apoio administrativo, obras de alvenaria, donos de pequenas lanchonetes e muitos outros trabalhadores que ganham o sustento de forma própria e que conseguem ter acesso a direitos como auxílio-doença pagando muito menos de tributos do que uma empresa nos moldes tradicionais.
Por outro lado, muitas empresas contratam pessoas físicas – que devem ter um MEI aberto para a emissão de notas – como pessoas jurídicas para não ter que registrar em carteira e pagar benefícios como FGTS, férias e 13º salário. Em um país com milhões de desempregados, se tornar MEI, mas atuar como um trabalhador formal, se transformou em uma válvula de escape para muitos profissionais manter o seu sustento e continuar no mercado de trabalho.
Mesmo com as distorções, o MEI é um programa que tirou da informalidade milhões de pequenos empreendedores. Uma delas é a cozinheira Maria Lúcia Teixeira, que ficou desempregada há quatro anos com dois filhos para criar.
“Depois que perdi meu emprego em um restaurante, fiquei perdida. Mas uma amiga querida me disse para começar a vender marmita e salgadinhos. No começo, fiquei com medo. Só que muita gente passou a comprar as marmitas e vi que tinha futuro manter o meu pequeno negócio”, conta.
No começo, os clientes eram os vizinhos e amigos. Com o tempo, e a chegada da pandemia, ela passou a atender no WhatsApp e ampliou a freguesia. O sobrinho que ficou sem emprego durante a crise sanitária passou a fazer as entregas.
“O passo seguinte foi começar a fazer salgadinhos para festas. Como muita gente estava ficando em casa, as famílias faziam pequenas festas, mas as pessoas não estavam tão acostumadas assim a cozinhar. Criei uns kits com cardápio para pequenas reuniões familiares e deu muito certo”, diz.
Um dia ela foi procurada por uma das clientes que é gerente de um pequeno escritório de contabilidade. A freguesa queria encomendar alguns kits para enviar aos trabalhadores que estavam em home-office. Mas a encomenda só poderia ser feita se ela emitisse nota fiscal.
“Aí entrei em desespero. Não tinha nada disso. Meu sobrinho me explicou sobre o MEI e fez para mim. Pago um pouco todo mês e consigo ter a nota fiscal. Graças a Deus, hoje forneço kits, docinhos e até marmitex para algumas empresas perto de casa”, afirma a pequena empreendedora.
Maria diz que investir no negócio próprio foi a única saída que ela encontrou para sustentar a família. Mas que não é nada fácil porque não há apoio para os pequenos e que teve a ajuda de bons amigos para iniciar a venda de produtos alimentícios.
“Claro que o banco não dá dinheiro para desempregado que quer abrir um negócio. O governo também não liga para a gente. Contei com a boa vontade de amigos. Com muita luta, já devolvi o dinheiro que emprestei e agora só invisto nas minhas coisas. Tive ajuda do meu sobrinho e de uma cliente que mexe com marketing para fazer o meu negócio dar certo. Estou feliz e agora quero crescer mais”, comenta ela.
Dados do Serviço Brasileiro de Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que a evolução do número de MEIs em Campinas nos últimos cinco anos ultrapassou os 100%. Em abril de 2017, a cidade contava com 51.828 microempreendedores ativos. No mesmo mês deste ano, são 109.158 microempreendedores individuais na cidade. O número mais atualizado é de 14 de maio, quando o total era de 109.731 MEIs. Os homens representam 53,82% do total e as mulheres são 46,18%.
Evolução e perfil dos MEIS de Campinas:
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