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  • Foto do escritorAdriana Leite

Campinas tem a quarta cesta básica mais cara do Brasil

Pesquisa da PUC-Campinas mostra que custo na cidade é mais elevado do que em metrópoles como Rio de Janeiro e Brasília


Doendo no bolso: preços dos alimentos em alta pressionam a inflação e pesam para o consumidor. Foto: Adriana Leite

Com uma lista de compras nas mãos e olhando com atenção os preços, Dona Lídia Maria Silva percorre as bancas do Mercado Municipal de Campinas a procura de ofertas para garantir a comida da semana da família de cinco pessoas. Ela não é a única. Dezenas de consumidores buscam por um alívio no bolso. E eles têm toda razão. A cesta básica de Campinas é a quarta mais cara do país.


Estudo do Observatório PUC-Campinas mostra que o custo da cesta básica em dezembro de 2022 na cidade foi de R$ 754,00 – alta de 3,6% em relação a novembro de 2022. As maiores variações foram registradas no quilo do tomate, que subiu 13%, e no feijão, que aumentou 5,7%. A lista de 13 itens pesquisados apresentou apenas três itens que tiveram queda: leite, manteiga e açúcar.


Em nota, o professor Pedro de Miranda Costa, responsável pelo estudo, destaca que “considerando os valores tanto da cesta como do salário-mínimo vigente até dezembro de 2022 (R$ 1212,00), uma única cesta básica compromete 62% do salário-mínimo em Campinas”.


O custo da cesta básica de Campinas no valor de R$ 754,00 é o quarto maior do Brasil, atrás apenas de São Paulo (R$ 791,00), Florianópolis (R$ 769,00) e Porto Alegre (R$ 766,00). A cidade está na frente de metrópoles como Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. Costa informa que o estudo realizado pelo Observatório PUC-Campinas segue a metodologia do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). “Dado esse valor da cesta, o salário necessário para uma família com dois adultos e duas crianças seria de R$ 2.262,00”, estima o professor. Os preços foram coletados em 28 estabelecimentos entre os dias 12 e 19 de dezembro de 2022.



Caçadora de promoções


Dona Lídia é uma verdadeira caçadora de promoções e preços mais baratos. Ela trabalha fazendo faxinas e sabe quanto vale cada centavo do que ganha trabalhando pesado em casas de família. “Eu pesquiso muito antes de comprar. Promoção e oferta são comigo mesmo. Aproveito para comprar no dia de varejão. Compro aqueles pacotões que saem mais baratos. Não tenho frescura de comprar apenas dessa ou daquela marca. Tirei do meu carrinho tudo que está caro. Quando der, volto a comprar”, conta.


Ela vive com duas filhas e dois netos. Dona Lídia se separou do marido quando as meninas ainda eram crianças. “Me virei na vida e tenho orgulho da minha família. São mulheres fortes e guerreiras. Em casa, sabemos dar valor ao dinheiro que ganhamos. Hoje em dia está tudo muito caro, principalmente comida. A gente vai no mercado e todo dia o preço sobe. Não sei onde vamos parar desse jeito”, reclama a diarista.


Hora de ter cautela


O professor de Economia da PUC-Campinas, Cândido Ferreira Filho, aconselha os consumidores e trabalhadores a evitarem gastos desnecessários neste ano. “Nos últimos dois anos, vivemos ciclos de inflação elevada, acima da meta estabelecida pelo governo. Em 2021, superou os 10% e no ano passado bateu quase na casa dos 6%. Do outro lado, o mercado de trabalho no Brasil vem se recuperando, porém os empregos gerados são de baixa qualidade e com salários menores”, analisa.


Ele acrescenta que os trabalhadores estão em uma situação muito difícil ganhando menos e pagando mais nas contas, mesmo as básicas como alimentação e moradia. Ferreira Filho afirma que os trabalhadores devem ter muita cautela nos gastos porque a inflação manterá o viés de alta e o país continuará enfrentando muitos desafios.


“O novo governo encontrará uma situação difícil com um grande desequilíbrio nas contas públicas e pendências para resolver como o corte do ICMS dos Estados, cujo prazo terminou em dezembro e foi prorrogado por mais 90 dias. São questões que não serão revertidas a curto prazo. O governo tem despesas obrigatórias que devem ser cumpridas, como o pagamento do Bolsa Família. É hora dos trabalhadores terem cautela e manterem as contas em dia”, aconselha o economista.


Como diz o ditado: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Agora é hora de refazer as contas e manter o orçamento em dia. Gaste sola de sapato, procure por ofertas e não compre o que não precisa. Siga as dicas da Dona Lídia e ouça o conselho do professor Cândido Filho. 2023 pode ser o ano da virada na sua vida financeira. Comece já!

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