Hora de planejar o consumo racional de energia elétrica em casa e saber quem são os vilões
O IPCA-15, prévia da inflação oficial brasileira, registrou um dos maiores índices desde abril de 1995, batendo a casa de 1,73% em relação a março. Combustíveis e energia elétrica estão entre os gastos que mais pesaram no bolso dos brasileiros. O consumidor sabe muito bem que a conta de luz impacta cada dia mais no orçamento familiar.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o custo da energia elétrica no país variou 30,16% nos últimos 12 meses no Brasil. A alta é mais do que o dobro do IPCA-15 no mesmo período, que ficou em 12,03%. Vários fatores provocam essa subida no valor na conta de luz: modelo da matriz energética, questões climáticas e o uso das térmicas.
O futuro também não é nada animador: a partir de 2023, as contas virão com um encargo a mais para pagar: um empréstimo de R$ 10,5 bilhões, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para as distribuidoras cobrirem prejuízos com a crise hídrica.
Como sempre, sobrará para os consumidores pagar pelos impactos no sistema de questões que vão da falha de planejamento durante décadas do modelo de geração de energia no país até salvar a saúde financeira das empresas de energia - que têm capital aberto em bolsa e devem, sempre, dar retorno aos acionistas.
O jeito é entender que é necessário economizar energia para reduzir o valor da conta. Saber quais são os vilões e medidas simples que podem diminuir o gasto de energia em casa é fundamental para gastar menos. Você tem como hábito o uso racional de energia? Se ainda não se planeja, saiba mais sobre esse assunto e pague menos nesse insumo essencial para todos nós.
O engenheiro elétrico e professor da PUC-Campinas, Francisco de Salles Cintra Gomes, desenvolve o Projeto de Extensão “Eletricidade na sua Casa com Tecnologia e Inovação” no Biênio 2022-2023 para pessoas em situação de vulnerabilidade e para o público 60+. Ele fala com o Notas Econômicas sobre o mercado de energia e dá dicas para o consumo racional:
Notas Econômicas - Por que a energia elétrica é tão cara no Brasil?
Francisco de Salles Cintra Gomes - No Brasil, a oferta de energia elétrica em 2021 foi de 676,4 TWh, sendo 78,6% de fontes renováveis. No total das renováveis, 56,7% foram de hidroelétrica, 8,5% de biomassa, 10,7% de eólica e 2,7% de solar, conforme dados do Ministério de Minas e Energia (MME). O custo da energia se eleva quando falta água nos reservatórios sendo, assim, necessário gerar energia com as usinas termoelétricas ( que queimam carvão, derivados de petróleo e outros materiais que poluem gerando efeito estufa). Com isso, surgem as bandeiras tarifárias, elevando o custo e forçando a diminuição do consumo de energia.
NE - É vantagem instalar dispositivos de geração de energia solar em casa? Em quanto tempo o investimento é recuperado com a redução dos gastos com a conta de energia?
A energia fotovoltaica está em crescimento e é a mais comum nas casas com as placas fotovoltaicas nos telhados. Para uma residência média, o investimento poderá ser recuperado em cerca de cinco a oito anos. A durabilidade do sistema fotovoltaico está estimada em 25 anos, lembrando que será necessário realizar manutenções nesse período.
NE - Quais são os maiores "pecados" que o brasileiro comete no uso da energia elétrica?
Um deles é não colocar lâmpadas econômicas. Atualmente, as lâmpadas LEDs são as mais econômicas e o custo de aquisição está bem acessível. As lâmpadas “antigas” devem ser utilizadas em locais de baixa circulação. As LEDs devem ser colocadas em locais de grande utilização.
Outro erro do brasileiro é não verificar o consumo do equipamento por meio do selo Procel. Um exemplo é comprar uma geladeira com um consumo mensal de menos 10kWh/mês que, a grosso modo, resulta em cerca de R$ 10,00 por mês a menos na conta de energia. Fazendo as contas, em 15 ou 20 anos de uso dessa geladeira, o consumidor faz uma boa economia. O mesmo vale para outros aparelhos de uso contínuo como o ar-condicionado.
NE - Quais são os vilões do consumo excessivo de energia?
Os equipamentos que mais consomem são o chuveiro, a geladeira e ar-condicionado (depende do consumo).
NE - A energia elétrica é uma das contas que pesam bastante no bolso. Quais as medidas que podem ser adotadas no dia a dia para economizá-la?
Para economizar é preciso estar atendo aos equipamentos que mais consomem energia, como chuveiro elétrico, geladeira e ar-condicionado. Mas é possível, sim, adotar medidas que reduzam o consumo de energia. Uma delas é tomar banhos mais rápidos e verificar a posição da chave inverno/verão. Se a chave está no verão, poderá resultar em uma economia da ordem de 15% na fatura de energia (parâmetro da Região Sudeste).
Com a geladeira, verificar se há boa vedação na porta e evitar colocar de forma imediata travessas muitos quentes . A boa vedação mantém a temperatura interna e faz com que o motor da geladeira funcione menos. No caso do ar-condicionado, evite portas e janelas abertas. Em ambiente fechado, o equipamento funciona melhor e gasta menos energia.
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