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  • Foto do escritorAdriana Leite

Setor de máquinas e equipamentos da RMC perde com Guerra na Ucrânia

Atualizado: 8 de abr. de 2022

Mesmo que em pequena escala, exportações de produtos de maior valor agregado são importantes para a pauta comercial da indústria da região


Perdas: Exportações da RMC para a Rússia devem sofrer queda na venda de máquinas com o conflito na Ucrânia

A pauta comercial entre a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e a Rússia ou a Ucrânia nem de perto tem o mesmo peso do que o volume transacionado com outros países com a Argentina e os Estados Unidos. Mas a Guerra na Ucrânia vai afetar as vendas para o exterior de produtos importantes da pauta – que têm um valor agregado maior – como máquinas para a construção civil e máquinas industriais.


Análise do professor da Faculdade de Economia da PUC-Campinas, Paulo Ricardo da Silva Oliveira, aponta que a RMC tem uma balança comercial favorável com a Rússia. Ele destaca que o país comercializa muita borracha sintética para a região de Campinas, que é uma matéria-prima usada na fabricação de pneus, e fertilizantes que são um dos principais produtos da pauta de exportações da Rússia.


Ele cita que, do outro lado da balança, a Rússia importa máquinas mais sofisticadas da região. Se o volume de transações não é grande, os produtos que são comercializados são relevantes para reforçar as vendas de bens com maior valor agregado da RMC e cujos valores de comercialização são mais elevados.


“Na pauta de exportação com a Rússia, a região de Campinas exporta produtos mais sofisticados, como máquinas de construção civil e outras máquinas industriais. Esses produtos são importantes para a nossa pauta exportadora. Do ponto de vista qualitativo, é ruim perder um mercado como a Rússia. Dificilmente, vamos conseguir manter essa posição em decorrência da própria dinâmica da guerra”, explica o especialista, observando que o Brasil não aplicou até o momento nenhuma sanção contra os russos como já fizeram Estados Unidos e União Europeia.


Sinal de alerta


Para o agronegócio brasileiro, a Guerra na Ucrânia acende um sinal de alerta que preocupa cada dia mais com o conflito se estendendo por várias semanas já. O Brasil é dependente de adubos e fertilizantes importando 85% do que é usado nas lavouras daqui. A Rússia é uma das principais produtoras do mundo e o presidente Vladimir Putin proibiu as exportações desses produtos durante este período de guerra.


“Dados sobre a importação de adubos e fertilizantes químicos mostram que, de tudo o que importamos desses produtos, quase 23% vêm da Rússia. Em seguida, vêm as importações da China com mais de 13% e, depois, o Canadá com 10%. Produtores rurais e o governo federal devem focar agora em desenvolver novos fornecedores de países como o Canadá, que tem capacidade para atender a demanda do Brasil. Sem novos fornecedores, o impacto pode ser dramático se zerarmos as importações de adubos e fertilizantes da Rússia”, analisa o professor da PUC-Campinas.
Fonte: Ministério da Agricultura

O governo federal lançou neste mês o Plano Nacional de Fertilizantes para tentar reduzir a dependência que o Brasil tem da importação de adubos e fertilizantes. A meta é diminuir para 45% a importação desses insumos até 2050. O Brasil está entre os quatro maiores consumidores de fertilizantes do mundo. O país responde por 7,8% da produção mundial de grãos, segundo o Ministério da Agricultura.


Na pauta de exportações do Brasil para a Rússia, há, principalmente, as commodities agrícolas – como açúcar, soja e café. A Ucrânia também importa dos agricultores brasileiros produtos primários.


Balanço Industrial


Pesquisa mensal realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Regional Campinas, mostra que os industriais locais começam a sentir o impacto da Guerra na Ucrânia. De acordo com a sondagem, 33% dos respondentes do levantamento informaram que já foram impactados negativamente pelo conflito. Outros 47% preveem impactos para os próximos meses e 20% ainda não têm uma avaliação.


Um dado relevante foi entender qual é o tamanho desse impacto nas empresas que responderam à pesquisa. Um total de 13% informou que será um alto impacto. Para outros 40%, a guerra trará um médio impacto. Para 13%, a resposta foi de pequeno impacto. Um grupo de 7% informou que não haverá nenhum impacto e 27% ainda não tinha uma avaliação.


Em nota, o diretor-titular do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, diz que os reflexos do conflito Rússia e Ucrânia na indústria regional nesse momento referem-se aos aumentos dos combustíveis e fretes internacionais, insumos para fertilizantes e o trigo no segmento de alimentação. “Se o conflito se prolongar e tomar outros rumos que não desejamos, esse quadro pode mudar e impactar mais fortemente a indústria e outros setores”, alerta.



O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, afirma que, na área de comércio exterior, as preocupações existem, principalmente, com os contínuos aumentos nas tarifas dos fretes.


“As exportações entre janeiro e fevereiro de 2022 foram de US$ 1,885 milhão. Isso representa apenas 0,25% do volume de exportação. Na importação, começamos a ter alguns pontos preocupantes. Importamos adubos, fertilizantes, materiais químicos, potássio e borracha. Nesse período de janeiro e fevereiro, importamos US$ 17,6 milhões, o que representa 0,91% do volume de nossas importações na região. Temos dois municípios na região que são dependentes dessas importações - Sumaré e Paulínia - com adubos e fertilizantes. Dessa forma, o setor agrícola deverá ser um dos mais afetados na região”, avalia Riso.
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