O número é o recorde já registrado no aeroporto em mais de 60 anos do terminal

Mesmo com a crise sanitária da Covid-19 e da economia ainda cambaleante no Brasil, o Aeroporto Internacional de Viracopos demonstra vigor e já está em níveis superiores a 2019, ano que antecedeu a pandemia, no transporte de passageiros. O terminal bateu o recorde da sua história em 2022 com 11,84 milhões de viajantes.
O avanço em relação a 2021 foi de quase 18%. No ano anterior, a soma dos passageiros em voos domésticos e internacionais foi de 10,04 milhões de pessoas. Quando os dados são comparados com 2019, o acréscimo de viajantes foi de 1,26 milhão de pessoas. No ano que antecedeu o início da pandemia, foram registrados 10,58 milhões de passageiros em Viracopos.
A retomada na malha pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras S/A, uma migração de passageiros de outros aeroportos para Viracopos e também os esforços da concessionária que administra o terminal em oferecer estrutura para as empresas aéreas e passageiros são apontados como motivos que permitiram um resultado tão importante para o aeroporto.
O diretor de Operações da Aeroportos Brasil Viracopos (ABV), que comanda o aeroporto, Marcelo Mota, afirma que 2022 começou com muitos desafios. No primeiro trimestre, foram registrados 2.296 cancelamentos de voos, ainda como resquício dos efeitos da pandemia. O segundo obstáculo a ser superado era conciliar a estrutura oferecida pelo terminal com a demanda nos horários-pico. Nesse caso, existe uma diferença entre o que foi planejado quando a empresa assumiu a concessão em 2012 e a realidade atual, no pós-pandemia.
“A projeção para os horários com mais movimento era de três horários-picos por dia, com os períodos fora desses horários com movimentação mais linear. Os vales, ou seja, os períodos com menos demanda de voos não teriam uma diferença tão grande assim dos horários de pico. Mas o que vemos hoje é um outro cenário. Temos quatro horários de pico e uma redução grande de movimento de aeronaves e passageiros entre eles. Isso obriga a operação se mobilizar para atender com mais gente e estrutura nesses quatro horários”, explica Mota.
O executivo diz que esse foi um dos motivos pelos quais o Píer B foi entregue, mesmo antes de atingir a capacidade máxima que foi projetada em 25 milhões de passageiros por ano. No plano de concessão, esse teto deveria ser alcançado em 2024, mas a pandemia e o vaivém da economia brasileira não permitirão atingir a meta no prazo que está no contrato. Mota estima que só depois de 2027 será possível se aproximar desse número.
“Em 2022, precisamos reorganizar a nossa operação para oferecer nos horários-pico mais pontes, funcionários para atendimento dos passageiros e também estrutura de pátios para garantir serviços de qualidade. Investimentos R$ 50 milhões no Píer B, que é flexível. Nele, há operações de voos domésticos e internacionais”, detalha. Viracopos tem hoje 75 posições de pátio para os aviões e 28 delas com pontes de embarque e desembarque.

Ranking nacional
Viracopos está hoje na quarta posição entre os dez maiores aeroportos em número de passageiros no Brasil. De acordo com informações da ABV, com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) até novembro de 2022, apenas o terminal de Campinas e o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tinham superado 2019 em volume de passageiros. “Viracopos está em uma curva crescente no número de passageiros. A malha diversificada e ampla oferecida pela Azul, que tem em Campinas seu hub, traz vantagens para o aeroporto”, pontua o diretor de Operações.
Entretanto, a concentração de voos em Viracopos pela Azul e a falta de opções das concorrentes – Gol e Latam – incomodam os consumidores que reclamam que sem uma briga saudável de preços paga mais caro nas tarifas. “Viajo sempre para visitar a minha família e compro com bastante antecedência para tentar baratear os preços. Sem concorrência fica difícil. Muitas vezes, as tarifas aqui estão bem mais caras do que em São Paulo”, afirma a administradora, Luciana Lima.
Mota comenta que o mercado regula os preços das passagens e que a ABV está sempre em contato com as empresas para aumentar a quantidade de voos e destinos a partir de Viracopos. Ele observa que a Azul adotou uma estratégia, desde quando começou a operar no aeroporto em 2008, que foi inundar as rotas com vários horários disponíveis para o passageiros. O executivo analisa que a tática deu resultado para a companhia e os concorrentes terão que encontrar saídas para disputar com a Azul em Viracopos.
“Realizamos sempre um trabalho de apresentar as oportunidades de negócios para as empresas em Viracopos, mas a maturação de um novo voo demora cerca de dois anos e o cenário econômico no Brasil muda muito rápido. Entretanto, mantemos uma estratégia agressiva de conquistar mais voos e destinos sendo oferecidos em Viracopos”, garante.
O diretor de Operações da ABV projeta que em 2023 o aeroporto continuará recebendo mais passageiros. No planejamento da concessionária, o crescimento será de 18% - que elevaria o volume para mais de 13 milhões de viajantes.
O otimismo da empresa se alicerça nos resultados dos últimos anos, na redução dos impactos da pandemia e na retomada gradativa da economia. Mas há riscos no horizonte como a alta dos combustíveis, a inflação elevada e também a recessão mundial gerada pela Guerra na Ucrânia. Agora, é preciso ficar de olho em 2023 com as medidas que serão adotadas pelo novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um mundo que passa por transformações rápidas.
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