Aeroporto mantém posto de principal destino de cargueiros puros do Brasil

Durante a pandemia da Covid-19, principalmente nos anos de 2020 e 2021, o Aeroporto Internacional de Viracopos reforçou a posição como uma das maiores portas de entrada e saída de mercadorias do Brasil. Cargas que antes saíam em porões de aeronaves de passageiros em outros terminais aeroportuários ou por navios migraram para Campinas.
Apesar de o cenário ter mudado com o arrefecer dos impactos da crise sanitária, o terminal campineiro mantém um fluxo elevado de movimentação de cargas que passou as 356 mil toneladas em 2022 – soma de importação, exportação, carga nacional e remessas expressas.
Balanço divulgado pela Aeroportos Brasil Viracopos, concessionária que administra o aeroporto, mostra que o volume ficou 2,08% abaixo das 364 mil toneladas registradas no ano de 2021. Uma explicação do diretor de Operações, Marcelo Mota, é que parte das cargas que migraram para o terminal – e que eram de outros modais como o marítimo – voltaram para os navios ou porões dos voos de passageiros que saem de outros aeroportos.
Ainda assim, o comando da concessionária comemora os resultados que estão muito acima de 2020 (quando foram movimentadas pouco mais de 262 mil toneladas) e 2019 (período pré-pandemia) que registrou um volume de 221 mil toneladas – 61% a mais. Para manter o fôlego no transporte de mercadorias, a empresa vem investindo em estrutura e também em modernização dos processos para dar mais agilidade no desembaraço das cargas.
“Nós sempre realizamos um estudo aprofundado do comportamento do mercado. Já observamos que há uma retomada lenta do modal marítimo. Então, sabemos que parte das cargas que migraram para Viracopos voltará para os navios. Também há mais voos de passageiros sendo oferecidos em outros aeroportos, isso significa mais espaço em porão de aeronaves. Uma parte da carga retomará para esse canal como via para despacho de mercadorias. Entretanto, uma boa parcela da carga que migrou durante a pandemia para Viracopos var continuar aqui”, prevê Mota.
Desafios X Demanda
A pandemia impôs para Viracopos uma reação rápida para atender uma demanda que cresceu vertiginosamente nos dois primeiros anos da crise sanitária. O diretor de Operações do aeroporto diz que foram investidos recursos em estrutura e para tornar os processos de desembaraço das mercadorias mais rápidos. “Nosso foco foi manter e aprimorar a qualidade dos nossos serviços e da infraestrutura oferecidos para os nossos clientes de cargas”, explica.
Ele acrescenta que foram contratados 75 novos funcionários em 2022. Mota cita que foi realizado um retrofit nos transelevadores do terminal de cargas e a compra de 18 novas empilhadeiras. Outra ação muito importante foi a automatização de processos burocráticos que agora não necessitam mais ser executados pessoalmente.
“Os profissionais da área aduaneira podem realizar tudo de forma digital e online. Com isso, ampliamos o horário de recebimento dos documentos, que antes era das oito da manhã às cinco horas da tarde, para vinte quatro horas por dia durante sete dias da semana", afirma.
Novidades
Um novidade, que existe apenas no Brasil no Aeroporto de Viracopos, é a customização dos paletes de madeira que não foram aprovados na inspeção do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A iniciativa agiliza a destinação dessas madeiras, promove responsabilidade ambiental, barateia custos para os donos das cargas e transportadores, e é uma nova fonte de receitas para o aeroporto.
“Os responsáveis pelas cargas eram obrigados a fazer toda a logística para devolver esses paletes em um processo que gerava custos mais elevados e também perda de tempo. Criamos um projeto que promove responsabilidade ambiental e ainda agiliza a remoção desses paletes. Temos um triturador dessa madeira que passa por um processo fitossanitário que permite que o material tenha outros fins. O custo é bem abaixo do valor pago pelas empresas para a remoção desses paletes. Temos um parceiro que trabalha com logística reversa e faz a destinação correta do produto que resulta dos paletes triturados. Essa madeira pode ser usada para fabricação de outros produtos. É uma iniciativa pioneira no Brasil”, detalha o executivo.
Mota afirma que mais um projeto promissor na área de cargas foi oferecer um lonado com toda a estrutura para cargas vivas de suínos. Segundo o diretor, o espaço permite manter a saúde, higiene e conforto dos animais durante o processo de transporte. Outro novo serviço foi a paletização da carga fracionada de calçados. O executivo explica que antes as caixas de sapatos chegavam individualizadas e era necessário fazer o manejo de caixa por caixa. Agora, na própria doca que movimenta as cargas de exportação, a concessionária oferece a paletização dessas cargas fracionadas.
Projeção
Mota aposta em uma continuidade do fluxo crescente de cargas em Viracopos no ano de 2023. Entretanto, ele ressalta que haverá uma migração de cargas que voltarão para o modal marítimo e para o porão de passageiros de outros aeroportos.
“Ainda que o cenário dependa de uma reação mais consistente da economia brasileira, nós fazemos a lição de casa que é olhar as imperfeições do mercado que nos ofereçam oportunidades de negócios. Somos o maior aeroporto em movimentação de cargueiros puros do Brasil. Temos um sistema moderno e ágil de despacho de cargas, com isso, conseguimos baratear custos para os nossos clientes. A qualidade dos nossos serviços é reconhecida no mundo todo. Acredito em bons resultados na área de cargas em 2023”, analisa o diretor de Operações.
O executivo ressalta que em 2022, se houve um pequeno recuo de 2% no volume movimentado de cargas, o valor total das mercadorias ficou mais de 20% acima de 2021. Ele também sublinha que o aeroporto oferece uma gama ampla de destinos e rotas para o transporte de cargas dentro do país e no mundo. Atualmente, 30 cargueiros com voos regulares e não regulares operam no terminal.
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