Crise de crédito se alastra com erros do BC

Economistas José Augusto Ruas e Saulo Abouchedid debatem a situação do mercado de crédito que vem sendo abalado com quebras como das Americanas

Preocupação: situação de empresas e consumidores é temerária e pede medidas urgentes como regulação

Todo mundo vem se perguntando como uma empresa que parecia “sólida” como as Americanas, cujos sócios estão na lista dos mais ricos do mundo (Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles), pode ter mais de R$ 40 bilhões em dívidas? A situação não é diferente quando vemos que mais de 70 milhões de consumidores estão com o nome restrito nas empresas de proteção de crédito, com a Serasa. O crash foi criado a partir de erros do Banco Central (BC) e de políticas equivocadas do governo.

Na Coluna Economia Atual, os economistas José Augusto Ruas e Saulo Abouchedid debatem como chegamos a esse cenário preocupante. A sementinha dessa crise não foi plantada agora e se arrasta desde que os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro decidiram apostar em uma política econômica que dava maior poder aos bancos privados do que dos públicos no mercado de crédito.

Outro fator que também influenciou foi a securitização que permitiu às empresas trocar recebíveis – como dinheiro futuro da venda dos produtos – por crédito na rede privada. O problema é que a inadimplência cresceu e a economia não se recuperou. Bancos e empresas estão com as dívidas no colo pressionando o crédito.

Para os economistas, o BC errou quando aumentou juros para barrar uma inflação que é de custo e não de demanda. Outra falha, segundo os especialistas, é que o Banco Central minimizou os efeitos cíclicos após crises como a pandemia da Covid-19.

“O BC cometeu o mesmo erro do que o Banco Central americano em 2008. O BC imaginou que as apostas de empresas e famílias seriam consolidadas com o crescimento econômico pós-Covid, mas isso acabou não acontecendo”, aponta Abouchedid.

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José Augusto Ruas é economista e professor universitário.

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