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  • Foto do escritorAdriana Leite

Inadimplência no comércio da RMC gera quase R$ 100 milhões em calote

Números são referentes apenas a carnês/boletos que não foram pagos de janeiro a março


Sem grana: desemprego, inflação e empobrecimento da população pressionam a inadimplência na RMC

Não está fácil pagar as contas com salários tão arrochados, uma inflação descontrolada e desemprego elevado. O resultado é acúmulo de dívidas sem pagamento que deixam milhares de consumidores negativados nos serviços de proteção ao crédito. Só no primeiro trimestre deste ano, a inadimplência - apenas com carnês/boletos - no varejo da Região Metropolitana de Campinas (RMC) bateu os R$ 96,4 milhões em prejuízos.


Avaliação mensal da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), com base em dados da Boa Vista – SCPC, aponta que 133.864 carnês/boletos não foram pagos pelos consumidores de toda a região. O volume é 3,52% menor do que igual período do ano passado. Mesmo mais baixa do que em 2021, a inadimplência pressiona demais o caixa dos comerciantes.


Depois de ficar sem trabalho em 2018, após voltar da licença-maternidade, Maria Amélia Silva decidiu vender roupas. Ela foi comprar peças de vestuário no Brás, em São Paulo, e passou a revendê-las em casa na periferia de Campinas. Com o aumento da freguesia, a comerciante abriu uma pequena loja na garagem da residência e ampliou os produtos à venda incluindo perfumes e maquiagem.


“Nos primeiros anos, foi muito bom. Mas veio a pandemia e caiu bastante as vendas. Logo me virei e comecei a atender pelo whatsapp. Meu filho mexe com informática e fez uma loja virtual. Minhas clientes adoraram e fui recuperando um pouco das vendas que eu tinha perdido. O problema é que desde o final do ano passado estou levando muitos calotes”, conta a comerciante.

Segundo ela, as clientes justificam a falta de pagamento com o desemprego e a crise econômica no Brasil. Para Maria, a situação está muito grave e o povo vive entre comprar um prato de comida ou pagar as contas.


“O duro é que cobro, cobro, cobro e não recebo praticamente nada. Sei que as clientes estão falando a verdade quando dizem que não têm um centavo no bolso. Só que eu não posso ficar no prejuízo”, lamenta, contando que já bateu na porta de cliente para tentar receber o dinheiro.


A comerciante criou uma lista própria de quem paga em dia, quem atrasa alguns dias e as clientes que estão devendo na loja. Mesmo com medo de perder a freguesia, ela diz que não vende mais para quem tem conta em atraso há mais de dois meses. Maria afirma que “fica difícil vender para quem não paga, mesmo sabendo que as pessoas não querem sacaneá-la”.


Faturamento


O estudo mensal da Acic mostra que as vendas no varejo físico da RMC cresceram 2,35% no primeiro trimestre de 2022 em relação aos três primeiros meses do ano passado. O faturamento acumulado no período somou R$ 6,77 bilhões.


No mês de março, o e-commerce na RMC aumentou 19,5% em relação ao mês mesmo do ano de 2021. As vendas somaram R$ 415,5 milhões no mês. As vendas nas lojas físicas chegaram a R$ 1,9 bilhão – uma alta de 7,69% sobre o faturamento de março do ano passado.


Ainda que as vendas tenham apresentado números positivos, o coordenador do Departamento de Economia da Acic, Laerte Martins, avalia que o faturamento é pressionado pela alta da inflação e prevê meses difíceis pela frente.


“A expansão do PIB (Produto Interno Bruto) Nacional para 2022 não deve ultrapassar 1%, podendo se tornar negativo, dependendo da inflação e, também, com os efeitos da guerra da Rússia com a Ucrânia. A previsão para os próximos meses de 2022, para o varejo de Campinas e Região, não é nada promissora, inclusive por ser um ano eleitoral e de muita instabilidade econômica nacional e mundial”, diz o economista.

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